domingo, 3 de março de 2013

planos para 2013

Quem sabe possamos interagir através das nossas próprias redes e produzir ao fim um trabalho que expresse as jornadas pessoais de cada uma de nós.

leia mais na revista Performatus

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

como mulheres que somos


CONVOCATORIA RESIDENCIA ARTÍSTICA PARA MUJERES
CONVOCATORIA VIDEOACCIONES 
“ELLAS ACCIONAN PARA TODXS” es una propuesta de BokACCIÓN y C.S.A Barrio Tiétar, dentro de la jornada "Ellas crean para todxs" que se realizará el 9 de marzo en el Valle Tiétar-Alberche.
Aprovechando la celebración del día de la mujer en marzo, hemos sentido la necesidad de crear nuestra propio marco sobre cuestiones relativas a la condición femenina y por qué no , a las identidades.
Dentro de este marco vamos a dar cabida a diferentes manifestaciones (artísticas, políticas, sociales, humanas…) que nos lleven a visibilizar, reflexionar, cuestionar y transformar la realidad que afecta a las mujeres y ampliando a las identidades.
La jornada contará con charlas, talleres, performance, videoarte, instalaciones, música… y la exposición multidisciplinar y colectiva de mujeres artistas que ese día será el gran decorado, ocasión especial para dar visibilidad de los trabajos artísticos de las creadoras contemporáneas. 
"Ellas accionan para todxs", será el espacio dedicado al arte de acción y performance en el que accionarán artistas invitadas por la organización , una artista en residencia y la proyección de trabajos en video.
BASES  RESIDENCIA 
Destinatarias: mujeres
Lugar: finca El Bokerón, sede de BokACCIÓN 
Fechas: del 2 al 10 de marzo de 2013. 
Temática: género/identidades
Interesadas enviar mail a bokaccion@gmail.com con breve bio, línea de trabajo, idea a desarrollar en la residencia, web/blog si se dispone o muestra trabajos anteriores.
Para más información sobre la Residencia, pincha AQUÍ.
FECHA LÍMITE RECEPCIÓN DE PROPUESTAS : 17 DE FEBRERO

BASES VIDEO
Abierto a todxs lxs artistas
Duración: máximo 10min. 
Temática: género/identidades
Interesadxs enviar mail a bokaccion@gmail.com con breve bio, línea de trabajo, web/blog si se dispone o muestra de trabajos anteriores y link o envío postal del video.
FECHA LÍMITE RECEPCIÓN DE PROPUESTAS : 17 DE FEBRERO

Para cualquier duda o aclaración, escribid al mail bokaccion@gmail.com
Esperando que esta convocatoria sea de vuestro interés e ilusionadas en recibir vuestras propuestas, os enviamos un afectuoso saludo desde las montañas.
BokACCIÓN y C.S.A. Barrio 
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desejo

24/01/2013
A Performance do Desejo – A história de Iza Monteiro
Sentada em uma das poltronas daquele voo, seu coração batia acelerado. Tentou recontar o tempo desde que havia saído do Brasil: 17, 18 horas, não tinha certeza. Estava ansiosa e enjoada. Os minutos passavam e nada acontecia. Ajeitou-se no assento. O tempo congelou, como que agarrado aos ponteiros do relógio. Olhava rapidamente para os lados e já não disfarçava o pavor. Fechou os olhos e respirou. Antes de levantar e ir em direção à aeromoça, se rendeu à frase que espreitava seus lábios: “Isso foi a maior besteira que fiz em minha vida”. Mirou a funcionária sorridente que disse: “Olá, posso te ajudar?”, “Sim, posso te contar um segredo?”, e atalhou: “Estou com 54 cápsulas de cocaína no meu estômago”.

Esse episódio aconteceu com Iza Monteiro, na Alemanha, em 2009. Ela passou mal durante a conexão que seguia para Holanda. Ao confessar que carregava drogas dentro do seu corpo, Iza iniciaria uma jornada de dor e culpa. Na terça-feira da semana passada, sua história foi contada durante a extensa programação do 8º Encontro do Instituto Hemisférico de Performance & Política. Em torno das 23h, o terceiro andar da Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco já estava pronto para assistir a “Estéticas do Desejo: 12 com Iza”: Uma mesa e duas cadeiras, uvas sob a mesa e enfeites natalinos – o ano novo hispânico . Ela sentou ao lado do colombiano Carlos Monroy enquanto aguardava o público se acomodar no espaço.

Quando tudo estava pronto, ele iniciou: “Durante a passagem do Ano Novo, os hispânicos têm o costume de comer 12 uvas, representando os 12 meses do ano, e fazer um pedido para cada mês”, explicou enquanto distribuía as frutas ao o público. “Vamos imaginar que estamos prestes a comemorar a passagem do ano e contar os segundos. Quando chegar a hora, façam um pedido e comam uma uva”, ensinou.

No intervalo para o “Ano Novo”, Monroy perguntou ao público onde estavam durante a chegada de 2013. Algumas pessoas compartilharam praias, sítios e amores até que ele interrompeu: “Faltam 10 segundos para o Ano Novo. Vamos contar?”. E as vozes se uniram. 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... Aplausos, gritos, abraços e sorrisos. E a plateia, ainda reticente, entrou de vez no clima, naquela pequenina bolha atemporal. Iza apenas observava e sorria.

Atualmente, ela é cristã protestante, dona de um salão de cabeleireiro e casada com um sueco há pouco mais de 4 anos. Ao final da performance, confessou que estava feliz e também preocupada. “Fiquei imaginando se o Carlos ficaria bem, e se as pessoas entenderiam o que passei”, disse. Os dois se conheceram por amigos em comum e no primeiro dia Iza contou o fato a Carlos. “Já fazia mais de meia hora que estávamos conversando e eu não sabia o que pensar, nem acreditava que era ela”, lembrou ele. Quando se convenceu, a reação foi óbvia: “Precisamos contar isso para mais pessoas. O que você viveu é incrível e precisa ser conhecido”.

De volta ao terceiro andar, tudo seguia em comemoração. A atenção voltou-se a Carlos quando o colombiano segurou uma uva e uma taça com água, olhou para todos e disse: “A wish!” (um desejo), e engoliu a fruta, sem mastigar. Iza, atenta, não conseguiu disfarçar ansiedade. Monroy tomou um gole e olhou para ela. Ele passava bem.

Diferente dele, aquele dia não tinha sido fácil para Iza. O plano era que ambos participassem da performance. Os dois já estavam sem comer há muitas horas e à tarde, ela “ensaiou” engolindo uma uva. Momentos depois, foi levada ao hospital. “Fiquei preocupado com ela e decidimos que apenas eu participaria”, contou Carlos.


Carlos Monroy de costas, à esquerda e Iza Monteiro, à frente (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

A performance seguiu, enquanto a dupla conversava com a plateia. Iza narrou os fatos que se seguiram à confissão: “A polícia me prendeu e fiquei num pequeno ambulatório no aeroporto, recebendo soro. Lá eu já tinha vomitado muitas capsulas, mas ainda sobraram 17. Fui levada ao hospital para que retirassem o restante. Perdi 4 metros de intestino e fiquei em coma por mais de duas semanas”, relembrou ao mostrar a cicatriz.

E aos poucos, expressões de choque se distribuíam pelas faces do presentes. Eles queriam detalhes da hiostória, Carlos segurava uma uva, enquanto Iza respondia, dizia “a wish” e um tomava gole d’água. Perto das 10 uvas, Carlos já tinha dificuldades, mas a ação ainda se repetiu por muitas vezes. “Acho que engoli mais de 20 uvas”, contou Monroy.

Quando se recuperou da cirurgia, Iza foi chamada para depor: “Confessei tudo, que tinha servido de mula, e mais, mula isca. Colocaram uma cápsula aberta para que se rompesse no meu estômago. No meu voo tinha mais 40 mulas e enquanto eu saía, denunciei todas”, afirmou. Iza foi julgada inocente e a quadrilha foi presa. Passou dois anos na Alemanha fazendo serviços comunitários, estudou e conheceu seu marido.
Nesse momento a pergunta que todos queriam fazer foi feita: “Por quê?”. A família de Iza era evangélica quando se assumiu homossexual. “Fui reprimida e tinha que namorar meninas, me diziam que iria para o inferno. Deus era um monstro para mim”, contou. Diante desse cenário, ela passou a se distanciar da igreja até que descobriu o serviço de mula. “Achei que aquilo iria mudar minha vida para sempre”, e ironicamente completa: “E mudou mesmo, agora para melhor”.

Em torno de tantos desejos por aceitação e uma sexualidade em harmonia, Carlos conectou a performance sobre o passado de Iza ao Ano Novo hispânico. “Penso que a cada cápsula que ela engolia, havia sonhos e vontade de viver. E também os desejos de quem oferecia aquele trabalho, desejos cruéis que orbitam no dinheiro, no crime e nas drogas”, explicou.

Perto das 25 uvas, Carlos anunciou a última. Visivelmente afetado, ele agradeceu: “A sensação é muito ruim. O corpo não aceita essa imposição, imagino um pouco do que ela tenha sofrido. Mas também fico feliz por essa chance de ‘por os sapatos do outro’, de sentir o que o outro sente. E para mim basta: a wish”, e engoliu a última sob aplausos.

Enquanto se abraçavam, mais uma pergunta: “E o que Deus significa para você, agora?” Iza para, pensa um pouco e responde: “Frequento uma igreja que me aceitam como sou. Quanto a Deus, ele não é mal quanto me faziam pensar. Ele é visto na bondade das pessoas, em ajudar os outros. Talvez ele não exista também, mas se existir é alguém muito amoroso”, finalizou sorrindo.


Texto: Leandro Nunes



SP Escola de Teatro - Centro de Formação das Artes do Palco
24/01/2013
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chorar

Olá!
Em 1 de fevereiro de 2013, 21,30 h. apresentado em Santa Cruz de Tenerife, Ilhas Canárias. No hall de gerador , gerido pela equipa de "lamentar os possíveis efeitos em homens".
Ele vai ser muito agradável para ter você por perto.
Abraços, beijos, ... O QUE VOCÊ POR FAVOR. gosto.
Paco Nogales.
PS:
o texto sob a imagem da proposta

Imagens incorporado 1
Imagem: díptico de óleo no Eloy Morales 244x122

Em relação à dor antidepressivos prescritos, tranqüilizantes, soníferos. Isso geralmente é feito em consultas médicas com as mulheres, os homens têm nossos próprios mecanismos de "esquecer" a dor de não enfrentamento.

Há mecanismos que criaram cada um dos homens, são mecanismos que foram projetados e temos culturalmente transmitida aos homens com motivos perversos. Quem não reconhece a sua dor não reconhece a dor do outro, o outro .. quem sabe o seu re dor não está pronto para infligir dor.

Quando eu mostrar a minha dor, quando eu bebo minha dor, as lágrimas do homem, coisas inesperadas podem acontecer. Não só dissolver a minha dor e eu incorporá-lo em minha vida, mas eu posso fazer-me ciente de quão pouco servem essas estratégias de prevenção que têm sido passadas de mim e que eu incorporei em meu tratamento da dor que envolve o ato de viver.

Pode ser hora de "ser um homem" torna-se sem sentido. Também pode acontecer que as perguntas o lugar do meu corpo que esconde a minha masculinidade, minha bunda.

O lugar em que preso, escondido, esquecido também o meu ser, o meu PM.

Você pode chutar que os estaleiros site de ouro e minha voz se torna flores brancas.

A maior indignidade que pode fazer um homem é "dar a bunda", é por isso que são todos expressões familiares estão tão presentes na linguagem cotidiana.

A masculinidade é na bunda, não pênis. O galo é apenas uma conseqüência causada pela forma como rabo apertado em uma tentativa de proteger a nossa masculinidade.

A versão metaperformática eu proponho é uma investigação sobre os elementos que diferenciam a arte da performance Performing Arts. Nesta versão eu resolver em vista da audiência todos os artefatos que estão escondidos no meu corpo e eu vou usar para a ação em si.

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Geperformancepoa pensa com Jacques Rancière

dezembro 9, 2012

Formas de vida: Jacques Rancière fala sobre estética e política, O Globo

Formas de vida: Jacques Rancière fala sobre estética e política
Entrevista com o filósofo francês Jacques Rancière originalmente publicada no blog Prosa de O Globo em 8 de dezembro de 2012.
Contra a visão da modernidade como um momento em que a arte se fecha sobre si mesma, o filósofo francês Jacques Rancière aponta elementos do projeto modernista que postulam a arte como um espaço livre de hierarquias, “aberto a qualquer um”. Rancière conversou com O GLOBO durante passagem recente pelo Rio, quando participou de um seminário em sua homenagem na UFRJ e lançou três livros, "O espectador emancipado" (Martins Fontes, tradução de Ivone C. Benedetti), "As distâncias do cinema" (Contraponto, tradução de Estela dos Santos Abreu) e "O destino das imagens" (Contraponto, tradução de Monica Costa Netto). Na entrevista, o filósofo diz que a política da arte não está em forjar “explicações do mundo” e sim “laços comunitários”, e sugere que o conceito de “emancipação intelectual”, formulado por um pedagogo revolucionário do século XIX, pode ser útil ao artista contemporâneo.
Em livros e palestras, você tem discutido a necessidade de repensar a noção de “modernidade estética”. Como define essa noção e por que é preciso repensá-la?
Todo meu trabalho tem sido uma crítica à visão dominante da modernidade como um processo de autonomização da arte. No coração dessa visão dominante está a ideia da arte moderna como uma ruptura clara com a representação, um processo no qual cada arte foi criando um mundo autônomo e cada vez mais centrado em sua própria linguagem, por assim dizer, como no caso da pintura abstrata ou da música dodecafônica. Prefiro falar na modernidade artística como uma passagem de um regime representativo da arte a um regime estético da arte. O universo da representação é essencialmente hierárquico, ele funciona por meio de uma seleção que diz que certas coisas pertencem a ele e outras não. Nele, um sujeito pode inclusive definir uma forma artística: no mundo clássico tínhamos a tragédia para os nobres e a comédia para as plateias populares, por exemplo. Meu argumento é que a modernidade estética, ao romper com esse universo representativo hierárquico, oferece uma definição da arte como mundo autônomo mas também, ao mesmo tempo, postula a arte como um espaço desierarquizado, aberto a qualquer um e no qual não há separação rígida entre formas artísticas.
Que elementos do projeto modernista permitem essa interpretação?
Tento recolocar no centro do projeto modernista algo que faz parte dele mas foi contornado e deixado de lado a certa altura do século XX, que foi a tentativa de chegar a uma espécie de interpenetração entre as formas de arte e as formas de vida. Hoje costumamos pensar no modernismo e nas vanguardas como momentos em que a arte tentou se separar da vida. Esse julgamento escanteia elementos fundamentais do próprio projeto modernista, por isso tento evitá-lo. Falei disso em um livro sobre Mallarmé (“A política da sereia”, de 1998). Ele é considerado o poeta modernista por excelência por fazer do poema uma espécie de pensamento da língua sobre ela mesma. Tento argumentar que no coração do trabalho de Mallarmé há uma visão sobre o lugar do poeta na economia simbólica da sociedade e da linguagem, um desejo de devolver à poesia algum tipo de função social. Insisto que para Mallarmé o moderno da poesia tem que ser buscado além da poesia, nos espetáculos considerados populares, nas pantomimas, na dança, na música.
Como essa quebra de hierarquias se manifesta na linguagem do cinema, que tem sido objeto frequente dos seus estudos?
Uma experiência definitiva na minha formação, nos anos 60, foi o movimento da “cinefilia” na França. Foi um momento de grande revisão das hierarquias artísticas. O debate sobre o cinema estava em plena efervescência, alguns viam nele uma vocação para ser a arte moderna por excelência, outros apenas um passatempo para as massas, comparável ao circo ou a uma quermesse. A “cinefilia” francesa dos anos 50 e 60 foi uma espécie de intervenção nesse debate, afirmando, por um lado, que um grande filme não era apenas aquele composto por imagens requintadas e ambições metafísicas, e, por outro lado, que também havia grande arte nos filmes populares. Grande não era só um filme de Antonioni, também podia ser uma comédia de Vincente Minnelli ou um western de Anthony Mann. Historicamente, o cinema se aproveitou dessa ambiguidade para se tornar uma arte que é difícil classificar no espectro estético, e mesmo no seu interior é difícil classificar os filmes numa cadeia de valor. Basta pensar em alguém como Chaplin, que foi ao mesmo tempo um clown popular e o grande ícone da modernidade, mais até do que Mondrian, Kandinsky ou Schoenberg.
Você mencionou a “interpenetração entre formas de arte e formas de vida”. Como essa ideia se liga com outra preocupação central em seu trabalho, a relação entre estética e política? Na sua opinião, o que pode ser uma “arte política” hoje?
Não há uma definição unívoca de “arte política”, porque não estamos mais nesse regime que chamo de “representativo” e, portanto, não se pode tentar antecipar o efeito de uma obra de arte. Há uma noção convencional de “arte política” que denota o desejo, por parte do artista, de expor uma injustiça ou de afirmar a necessidade de reformas na maquinaria social. Mas essa noção faz parte de uma ideologia representativa que supõe a existência de um público homogêneo sobre o qual agiriam as intenções do artista. Hoje vivemos num mundo em que o artista não pode antecipar as consequências do seu trabalho e há diversos modelos de arte política. O mais interessante me parece ser aquele no qual a arte não é apenas um meio para transmitir noções sobre a vida, e sim uma forma de vida ela mesma. Um antecedente disso seria o projeto cinematográfico de Vertov, por exemplo, que não era uma tentativa de representar a realidade comunista, mas sim de se constituir como um laço comunitário. É uma arte que se pensa como capaz de criar, por sua prática, o tecido de novas formas de vida.
Você costuma definir a relação entre estética e política usando o conceito de “partilha do sensível”. Poderia dar um exemplo dessa operação?
O modelo da arte que assume um compromisso político teve em Brecht uma referência. Brecht almejava desestabilizar a percepção do espectador para que, no espaço da obra, ele visse como absurdo aquilo que considerava normal, produzindo assim alguma transformação em seu espírito, que poderia ser canalizada em energia para ações transformadoras. Esse raciocínio é muito problemático, claro. “Desestabilizar a percepção” era um princípio surrealista que Brecht tentou transmutar em pedagogia política. Isso nunca produziu efeitos políticos verificáveis, só produziu uma certa concepção do que uma “arte política” deveria ser. Mas há outro modelo de compromisso político, que está um pouco esgotado mas precisa ser renovado, que concebe o trabalho político do artista como a investigação de determinado aspecto da realidade que está enquadrado, estereotipado ou formatado pelo senso comum, na tentativa de devolvê-lo à realidade sensível. Esse modelo é importante para pensarmos na arte não como uma pedagogia ou explicação do mundo, e sim como uma reconfiguração do mundo sensível. Vejo isso no trabalho do cineasta português Pedro Costa, por exemplo. Em seus filmes com comunidades de imigrantes em Portugal (como “Juventude em marcha” e “O quarto de Vanda”), ele não está interessado apenas em descrever a miséria ou denunciar a exploração, mas sim em tornar sensível esse universo, em restituir a força da experiência e da palavra aos excluídos.
Você trabalhou com o conceito de “partilha do sensível” em seus estudos sobre o realismo literário do século XIX. Como essa ideia de reorganização dos elementos sensíveis se manifesta na literatura?
A pergunta de fundo da arte política é: o que constitui uma comunidade? A grande contribuição do romance realista não foi só representar os pobres, os trabalhadores e as “pequenas vidas”. Foi romper no espaço da obra de arte a cisão que existia entre eles e o resto da sociedade, realizando um trabalho de desierarquização. Afirmar que qualquer vida, qualquer evento pode ser interessante. Por meio de uma técnica formal que abandona a noção de trama tradicional para investir em microeventos, a literatura põe em cena vidas de pessoas quaisquer, oferecendo uma alternância de universos sensíveis. E nisso há algo que não se restringe ao realismo do século XIX. Quando uma escritora como Virginia Woolf, em seu ensaio “Ficção moderna”, denuncia a “tirania da trama”, ela está postulando o romance moderno como uma grande democracia dos eventos. De certa forma esse foi o grande paradoxo e a força do romance do século XX: como subverter a “tirania da trama” e identificar o curso dos eventos sensíveis, colocando em cena essas vidas quaisquer e também as cicatrizes da Justiça e da História?
No livro “O espectador emancipado”, você retoma o conceito de “emancipação intelectual” discutido em uma obra anterior, “O mestre ignorante”, e o aplica ao universo das artes. Como define essa “emancipação”?
Recuperei o conceito de “emancipação intelectual” de um personagem extravagante, o pedagogo francês Joseph Jacotot (1770-1840). Nas primeiras décadas do século XIX, ele defendeu uma ideia que ia contra o modelo de educação que começava a se cristalizar na época: a ideia de que há pessoas ignorantes, que não compreendem as coisas, não têm cultura nem conhecimento, e que por isso precisam de ajuda para progredir ao nível das pessoas cultas. Jacotot dizia que não é nada disso, que a igualdade não é um ponto de chegada e sim um ponto de partida, e que não se deve “instruir” as pessoas para que se tornem iguais, e sim partir do princípio de que elas são iguais por terem, todas elas, suas próprias aptidões e conhecimentos. Era uma ideia radical, muito combatida na época, que julguei importante recuperar.
E qual pode ser o lugar das artes nesse processo de “emancipação”?
Creio que a questão não é tanto o que as artes podem fazer pela emancipação das pessoas, mas sim o que podem fazer para emancipar a si mesmas. Os artistas só poderão contribuir para a emancipação se entenderem que se dirigem a semelhantes, em vez de achar que estão transformando ignorantes em sábios. Isso só é possível se a instituição artística colocar seus princípios em questão permanentemente. Assim como um pedagogo não pode achar que está lidando com aprendizes incapazes, um artista não pode tentar antecipar o que o espectador deve ver ou compreender. Nessa nebulosa confusa que chamamos de arte contemporânea, abraçar a dúvida sobre as capacidades da arte pode ter uma função emancipatória.
Posted by Patricia Canetti at 6:10 PM | Comentários(0)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

camminare


Ho pensato che sarebbe bello poter camminare insieme, poter condividere uno sport che ci permetta di riprenderci il nostro tempo e il nostro spazio... tutti insieme!! Le regole sono semplici: - condividere percorsi esperienze e sostenersi nelle attività sportive - organizzare incontri ed effettuare...
página: 60 curtiram isso

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Revista convoca texto sobre performance para 2013


Primer Revista Interactiva sobre performance
Perforarte sentidos en acción
CONVOCAN:
A participar a todos aquellos interesados en publicar textos sobre arte de performance. A
continuación se describen los lineamientos y categorías que se deben considerar para su
publicación.
CATEGORÍAS: Historia del performance hasta la contemporaneidad (se puede retomar una
época para abordar el tema, ej. “El performance en los años 90´s en México).
Biografía de artista de performance (ej. Trayectoria de Regina José Galindo etc) y crítica
sobre eventos de performance (críticos, investigadores e historiadores).
*Todo medio audiovisual que se desee compartir para asi mismo, poder difundir su propia
obra enviarlo al correo de perforarte@gmail.com
*Se solicita la Colaboración de Diseño de paginas web para el diseño de la misma, la cual
cuenta con su hosting y dominio.
LINEAMIENTOS.
Los textos deben contener
-Deben tener la calidad de ser publicables, en un máximo de 4 cuartillas, acompañado de 4
imágenes en jpg y a 300 dpis estas debe ir en un archivo adjunto.
-Para aquellos que nunca han publicado, deben sustentar el texto acompañado de citas y
notas al pie de página, así como bibliografía. (créditos de los autores)
-Tipografía Arial a 12 puntos en color negro con un interlineado de 1.5.
-A cada participante se extenderá su crédito de colaboración correspondiente.
-Enviar sus propuestas al correo perforarte@gmail.com
-Esta convocatoria queda abierta a partir del dia 11 de noviembre del 2012 al 4 de
enero del 2013.
-Para dudas y aclaraciones escribir a perforarte@gmail.com
-Los trabajos seleccionados serán notificados via mail el 3 de febrero del 2013.
Perforarte: sentidos en acción, es una revista digital interactiva de publicación
trimestral, que aborda todo lo relacionado al arte del performance y peformancistas.
La revista Perforarte, es un proyecto autogestivo que esta enfocado a la divulgación
de la teoría y crítica del performance, así como a la difusión del trabajo artístico del
mismo. Paralelamente a este tópico, la revista plantea generar un mercado artístico
para el performance, haciendo mas costeable su producción.
Entrevistas, historia, convocatorias, biografías y critica sobre el arte del una galería virtual.
Perforarte sentidos en acción es una revista digital interactiva especializada en el
Performance Art, de publicación trimestral que lanzará su primer número en marzo del 2013.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Marcio em Poa nos feriados. Aproveitem, é um dos nossos mestres. .

Grupo dos Cinco realiza intercâmbio cultural! Oficina Tragédia: elementos para montagem & experimentação cênica, com Márcio Pizarro Noronha Marcio (UFG/GO) - de 2 a 4 novembro, na Sala 505 da Usina Do Gasômetro, Porto Alegre/RS

Niura, do nosso grupo promove:


  • A Galeria Mamute está promovendo o Festival ANIMAMUTE - curtas de animação, de 06 a 08 de novembro, com o apoio da Câmara Rio-Grandense do Livro, Armazém de Imagens, Fundação Thiago Gonzaga, Otto Desenhos Animados e Osso Filmes.

    Entrada franca. Vagas limitadas.
    GARANTA a sua através do e-mail: contato@galeriamamute.com.br

    ...Ver mais
Rua Caldas Júnior, 375, 90010-260 Porto Alegre, Rio Grande do Sul